Transações de compra e venda de ações signalizam que o bilionário Silvio Tini utilizou empresas vinculadas a ele para vender suas ações, evitando assim a obrigatoriedade de uma oferta pública quando passou a controlar mais de 25% das ações da Rossi.
A construtora, que enfrenta um processo de recuperação judicial com uma dívida aproximada de R$ 1,3 bilhão, é uma das mais tradicionais do Brasil.
A Rossi está atualmente em conflito com Tini, que é acusado de contornar regulamentações de mercado para estabelecer controle sobre a empresa.
Em 26 de julho, 938 mil ações da Rossi foram negociadas, sendo que 700 mil pertenciam ao fundo EWZ, 808 mil a Silvio Tini e 60 mil à sua empresa Bonsucex.
Documentos revelam que o fundo EWZ era administrado por Adilson Tavarone Torresi, conselheiro da Rossi e colaborador da Bonsucex, holding de Tini.
No mesmo dia, João Batista Leme Cruvinel, contador e funcionário da Bonsucex, adquiriu 868 mil ações, enquanto o restante foi comprado pelo fundo XMZ. O montante das transações foi de R$ 7 milhões.
Em 2 de agosto, o EWZ vendeu mais 925 mil ações. No mesmo dia, Marcelo Zelada, administrador do XMZ, adquiriu 800 mil ações, e João Batista Leme Cruvinel, 105 mil. Estas operações representaram um total de R$ 39 milhões.
Uma semana depois, o EWZ vendeu 978 mil ações, totalizando uma operação de R$ 35 milhões. Marcelo Zelada comprou 702 mil, enquanto Paulo Amador Thomaz Alves da Cunha Bueno, advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, adquiriu 297 mil ações, também representando Tini.
Em 16 de setembro, a Lagro, empresa de Tini, vendeu 455 mil ações a Carlos Augusto Reis, colaborador da Bonsucex.
A situação levou acionistas minoritários a solicitar a abertura de um processo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e iniciar uma arbitragem na B3.
Conforme divulgado recentemente, Tini e outros quatro acionistas tiveram seus direitos políticos suspensos até que as alegações sejam investigadas.
Em nota, Bonsucex, Tini e seus colaboradores optaram por não comentar. Por outro lado, a Rossi não enviou resposta.
Marcelo Zelada, que afirmou ser um investidor tradicional da Rossi, negou ter adquirido mais ações por solicitação de Tini, mesmo após registrar perdas devido à queda nos preços das ações, considerando-as uma oportunidade excepcional.
Ainda tentamos contatar Paulo Amador Thomaz Alves da Cunha Bueno, mas sem sucesso até o momento.