O aumento do dólar se tornou um dos temas mais comentados nas redes sociais no último mês. A comunicação foi amplamente dominada por opositores ao governo, que destacaram os ataques direcionados aos apoiadores que criticam as decisões econômicas atuais.
Nos grupos de discussão do WhatsApp e Telegram, houve um aumento significativo na troca de mensagens, com o pico de menções registrado no dia 29 de novembro, quando o dólar ultrapassou a marca de R$ 6.
No final de novembro, a discussão se intensificou após a declaração do presidente eleito dos Estados Unidos, que mencionou a possibilidade de impor tarifas de 100% sobre os países membros do Brics, caso um novo moeda fosse criada para substituir o dólar. Essa possibilidade gerou um amplo debate nas redes sociais, especialmente nas plataformas de mensageria pública.
Recentemente, a discussão ressurgiu, com usuários do WhatsApp acusando o governo de desvalorizar intencionalmente o real frente ao dólar, visando enfraquecer a moeda americana e criar espaço para que a nova moeda do Brics se fortaleça.
Na última semana, tentativas de apoiadores do governo procuraram responsabilizar uma mensagem falsa atribuída ao próximo presidente do Banco Central por causa da alta do dólar. O suposto post gerou a intervenção da Advocacia-Geral da União, que solicitou investigações por parte da Polícia Federal e da Comissão de Valores Mobiliários para apurar uma possível manipulação do mercado.
Análises não identificaram movimentações automatizadas que tentassem validar a falsa citação atribuída ao novo presidente do Banco Central. Além disso, o conteúdo questionável já possuía a marca de que havia sido verificado e identificado como falso. As primeiras menções ao tópico surgiram em resposta a notícias de que uma fake news teria influenciado as expectativas do mercado.
Nos grupos de esquerda, a falsa postagem foi utilizada para elucidar a disparada do dólar, com argumentos que sugeriam manipulação do mercado, já que a moeda começou a cair após o pedido da AGU para que a PF investigasse a situação.
Em contrapartida, nos grupos de direita, as menções ao pedido da AGU foram acompanhadas de ironia. Algumas mensagens criticaram o presidente Lula por tentar transferir a responsabilidade da alta do dólar, enquanto outros usuários desferiram críticas a jornalistas e veículos de mídia que divulgaram essa narrativa.
Gabriel Galípolo tornou-se uma figura central na polêmica. Além de ser alvo de uma falsa citação, sua afirmação de que a alta do dólar não era resultado de uma especulação de mercado foi amplamente debatida nos grupos de direita, utilizados como estratégia para refutar os argumentos da esquerda sobre uma sabotagem intencional ao governo.
As falas de Galípolo também provocaram reações nos grupos de esquerda, onde ele foi criticado por supostamente alinhar-se com o atual presidente do Banco Central, com usuários ressaltando que apenas se posicionou em favor de juros mais altos em uma única ocasião.
A crítica à sua nomeação se expandiu para o ministro da Fazenda, com usuários da esquerda argumentando que suas ações favorecem a elite financeira, em detrimento do bem-estar do país.