Três semanas após a trágica morte do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, 22, que foi baleado por um policial militar no dia 20 de novembro, o Ministério Público emitiu uma recomendação à Polícia Civil solicitando a apreensão das câmeras corporais utilizadas pelos policiais envolvidos no caso.
O disparo fatal foi feito pelo soldado Guilherme Augusto Macedo, 26 anos, que junto com outro policial, estava presente na ocorrência. Ambos os policiais não foram presos e estão afastados de suas funções na rua.
Na quinta-feira (12), os promotores Estefano Kummer e Enzo Boncompagni fizeram o pedido, explicando que a apreensão das câmeras corporais é uma medida cautelar para possíveis análises periciais, se necessário. Eles também pediram que as imagens coletadas sejam anexadas ao processo. Segundo a família de Acosta, a Polícia Militar ainda não havia disponibilizado as gravações, mesmo após várias solicitações feitas pela investigação.
Adicionalmente, o Ministério Público busca esclarecer se os policiais militares tinham acesso a equipamentos não letais, como armas de choque, durante a operação. A Secretaria da Segurança Pública afirmou que todas as circunstâncias do caso estão sob investigação, conduzidas pelo Inquérito Policial Militar (IPM) do 12º batalhão, com supervisão da Corregedoria da PM e do DHPP. De acordo com a Secretaria, as imagens das câmeras corporais já foram integradas à investigação.
O advogado da família de Acosta, Roberto Guastelli, criticou a relevância do pedido de apreensão, considerando-o ineficaz. Ele destacou que o essencial para a investigação seriam as gravações das câmeras corporais, que ainda não foram fornecidas pela Polícia Militar à delegacia responsável. Guastelli também questionou a necessidade de investigar sobre os equipamentos não letais, uma vez que o jovem foi fatally baleado sem estar armado.
O médico Julio Cesar Acosta Navarro, 59, pai do estudante, expressou preocupação com a aparente proteção aos policiais envolvidos no incidente, ressaltando que seu filho sonhava em ser pediatra e estava no 5º ano de medicina. A tragédia ocorreu dentro de um hotel na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, após Acosta supostamente dar um tapa no retrovisor da viatura do soldado Macedo, que o perseguiu até o local e disparou.
Macedo foi indiciado por homicídio doloso poucas horas após o incidente, mas a investigação tem avançado lentamente. O indiciamento do PM ainda não foi enviado à Justiça Militar e o caso já passou por três delegados diferentes na Polícia Civil.
O advogado Guastelli lamentou essa troca de delegados, afirmando que essa instabilidade retarda as respostas que a família tão urgentemente busca. A Secretaria da Segurança Pública justificou a mudança de delegado como parte de rotinas administrativas e garantiu que as investigações continuam em sigilo, incluindo a análise das imagens das câmeras corporais dos agentes.