O presidente da França, Emmanuel Macron, demonstrou apoio a Thomas Jolly, diretor artístico da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, após Jolly relatar à polícia sofrer assédio online decorrente de um momento do desfile que gerou polêmica entre conservadores e grupos religiosos.
Promotores franceses anunciaram uma investigação sobre as alegações feitas por Jolly, que inclui ameaças de morte e mensagens de ódio relacionadas à sua orientação sexual e às suas “origens israelenses erroneamente supostas”.
Macron classificou como inaceitável atacar um artista por seu trabalho, elogiando a cerimônia de abertura como uma apresentação “audaciosa” que retrata o orgulho da França. “Estou escandalizado e triste com o que ele passou”, afirmou Macron, reiterando seu apoio a Jolly e aos demais artistas envolvidos na performance.
Thomas Jolly, um respeitado diretor de teatro de 41 anos, criou a cerimônia de abertura como um desfile aquático no rio Sena, apresentando atletas, músicos, dançarinos e artistas ao longo dos cais e monumentos históricos.
A representação ousada da história e cultura francesas foi bem recebida por muitos, com destaque para uma Maria Antonieta decapitada acompanhada por uma banda de heavy metal, além da inclusão de artistas de diferentes etnias e orientações sexuais.
No entanto, políticos conservadores e grupos religiosos manifestaram descontentamento com um segmento do show que incluía uma cena com um homem pintado de azul cercado por drag queens em uma mesa longa, alegando que era uma ofensa à Última Ceia de Leonardo da Vinci.
Os bispos católicos franceses emitiram um comunicado afirmando que a cerimônia “infelizmente incluía cenas que zombavam e ridicularizavam o cristianismo”.
O político norte-americano Donald Trump criticou a apresentação, referindo-se a ela como uma “desgraça” e prometendo que, se eleito, Los Angeles, sede dos Jogos de Verão de 2028, “não teria uma Última Ceia representada de forma similar”.
Jolly respondeu que a cena em questão não foi inspirada na obra de Da Vinci, mas sim em um banquete com Dionísio, o deus grego do vinho. Ele explicou que sua intenção era celebrar um grande festival pagão vinculando-se às origens dos Jogos na Grécia antiga, e enfatizou que buscava representar “diversidade e união”, respeitando a tradição de secularismo da França.
O escritório do promotor de Paris está investigando as alegações de Jolly, que incluem “ameaças de morte por causa de sua origem, ameaças de morte por causa de sua orientação sexual, insultos públicos e difamação”.
A DJ francesa Barbara Butch, que se apresentou durante o evento, também registrou uma queixa de assédio online, assim como uma das drag queens envolvidas na cerimônia.
O comitê organizador dos Jogos de Paris manifestou sua firme condenação às ameaças e ao assédio enfrentados por Jolly. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, declarou que é “uma honra” e “um motivo de orgulho” contar com o talento de Jolly para representar a cidade e mostrar ao mundo sua identidade.