A transição da mídia impressa para o digital, a partir de 2016, trouxe uma nova dinâmica ao jornalismo, com Google e Facebook dominando a distribuição de conteúdo e a publicidade online. Empresas de mídia, para garantir visibilidade, começaram a produzir conteúdos otimizados para atrair tráfego.
Artigos sobre eventos populares, como “a que horas será o Super Bowl?”, e a incorporação de tuítes virais se tornaram comuns. Cada vez que um veículo encontrava uma maneira de direcionar buscas para suas páginas, outros seguiam o exemplo. Esse fenômeno culminou com as recapitulações da série “Game of Thrones”.
Exibida pela HBO entre 2011 e 2019, a série gerou um interesse constante após cada episódio. Enquanto antes o tráfego online era imprevisível, o fenômeno “Game of Thrones” apresentou um padrão claro, facilitando a compreensão do que poderia se tornar viral.
Diversas publicações, de revistas a jornais, passaram a produzir análises dos episódios. A popularidade era tamanha que, segundo analistas da época, bastava criar conteúdo relevante para atrair leitores.
A série baseada nos livros de George R.R. Martin manteve o engajamento do público por quase uma década, período em que muitas mídias digitais emergiram e publicações impressas tradicionais enfrentaram desafios de sobrevivência. Algumas delas se especializaram em análises aprofundadas, acompanhando o fenômeno de perto.
Uma redatora de um importante site de negócios destacou-se ao cobrir a trama, produzindo centenas de artigos atraindo milhões de visualizações. Da mesma forma, um jornalista e roteirista escreveu extensivamente sobre a série durante sua passagem por revistas de renome.
O desfecho da série levou estes profissionais a publicarem livros que, apesar de bem recebidos, não alcançaram o sucesso da cobertura online. A sequência “A Casa do Dragão”, lançada em 2022, também não despertou o mesmo nível de interesse entre os leitores.
Kevin Nguyen, em suas observações, destaca que o fenômeno “Game of Thrones” foi impulsionado por um contexto midiático específico, onde o Facebook gerava um tráfego significativo e a cultura de massa era menos fragmentada. Atualmente, as plataformas já não promovem o mesmo nível de distribuição, e a mídia busca novas estratégias de adaptação. Para Nguyen, é improvável que um fenômeno semelhante se repita no futuro.